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João Alberto Ianhez – um exemplo pessoal e profissional a ser seguido

Postado em: 13/01/2010 por Flávio Schmidt

Além de amigo e parceiro na área de Relações Públicas é uma honra para mim, como editor do universoRP, apresentar essa entrevista com João Alberto Ianhez e o case de sucesso do Grupo Fenícia.

Uma satisfação, porque se trata de um dos profissionais mais completos e com carreira mais longa na história de Relações Públicas e uma das mais bem sucedidas nessa área. São mais de 45 anos de trabalho e dedicação acumulando resultados positivos na aplicação dos fundamentos e técnicas de Relações Públicas.

Sem dúvida nenhuma, um exemplo pessoal e profissional que deve ser seguido.

Confira a entrevista.

 

Você poderia falar um pouco de sua longa trajetória profissional?

Sou de Ribeirão Bonito, interior de São Paulo. Vim para a capital aos 21 anos com o diploma de professor do ensino fundamental.

Meu primeiro trabalho foi na General Electric SA, onde iniciei minha carreira como Auxiliar de Comunicação e Relações com a Comunidade. Dois anos depois assumi a Gerência da área. Participei de muitos cursos internos e externos e fui instrutor do curso interno para formar administradores financeiros, ministrando palestras sobre comunicação e relações com a comunidade. Foi através desse curso que tive contato com o Prof. Candido Teobaldo de Souza Andrade e Prof. José Roberto Whitaker Penteado, que também exerceram papéis importantes na minha formação profissional.

Na GE vivenciei uma filosofia de comunicação e relações com a comunidade das mais avançadas do mundo para a época. Havia uma ação intensa de relações com a comunidade e de comunicação com os empregados.

Sai da GE para a Bolsa de Valores de São Paulo como Gerente de Comunicação. Foi a época do “boom” da bolsa no Brasil. Além das relações da bolsa com o mercado, vivenciamos o início da publicação das cotações da Bolsa na imprensa. Para viabilizar a circulação do boletim em horários compatíveis com os fechamentos dos veículos de imprensa, que na época criaram seções ou cadernos de economia, a impressão do boletim tinha que circular três horas depois do fechamento do pregão. Isso era, para a época, um ato de heroísmo da nossa área.

A Inauguração do novo pregão eletrônico e a mudança da sede da Bolsa foram outros dois desafios. Criamos o “Conjunto Educacional do Mercado de Capitais” e formamos um corpo de oradores para ministrar palestras e seminários. Em um ano cerca de 40 mil pessoas assistiram às palestras. Isso tudo feito com o apoio e assessoria da AAB - Assessoria Administrativa Ltda. dos sócios: José Carlos Fonseca Ferreira, José Rolim Valença e Carlos Eduardo Mestieri.

Saí da Bolsa e fui trabalhar com eles. Na AAB atendi dezenas de organizações nacionais e multinacionais. Coordenei projetos de destaque como a inauguração das fábricas da MBR e FIAT e o primeiro evento científico com transmissão via satélite no Brasil, para a Merck Sharp & Dohme entre muitos outros. O mais importante pude desfrutar na fonte a sabedoria desses três excelentes profissionais, que muito respeito merecem da minha parte.

O lançamento da pedra fundamental da Volvo, em Curitiba, foi um momento marcante dessa trajetória. Após a cerimônia, recebi cumprimentos e elogios dos dois gerentes da área de Relações Públicas da empresa, vindos da Suécia, e a informação de que o planejamento desse projeto seria transformado em referência para os eventos da Volvo em todo o mundo.

Depois de oito anos de AAB fui para o Grupo Fenícia, cuja trajetória e experiência está apresentada no espaço “case” desse site.

É possível traçar um paralelo entre o tempo que você começou e o que está acontecendo agora na área de RP?

A concorrência cresceu muito, tanto no que diz respeito ao profissional, pessoa física, quanto na área de consultorias. A multiplicação dos veículos e dos meios de comunicação trouxe uma maior mobilidade e instantaneidade da informação, mais recursos e rapidez na comunicação. Os desafios são muito maiores hoje. Apesar do ambiente ser propício à expansão das Relações Públicas, do ponto de vista de reconhecimento e respeito aos seus princípios as RP regrediram no Brasil.

Sua experiência em instituições, não somente na área de Relações Públicas, é também muito grande. De quais entidades você participou e qual foi sua atuação em cada uma delas?

Quando entrei na GE, em 1962, fui em busca de entidades da área de RP. Filiei-me a ABRP – SP, da qual sou o associado Nº 50. Durante o curso de Relações Públicas do Prof. José Roberto Whitaker Penteado, a turma de alunos foi incentivada a fundar um Centro de Estudos de Relações Públicas. Fui eleito secretário executivo do Centro, que promoveu o primeiro Curso de Alto Nível de Relações Públicas, com duração de um ano, coordenado pelo próprio professor. Além disso, preparávamos gratuitamente planejamentos de RP para entidades do terceiro setor, que não tinham recursos para pagar uma consultoria.

O Centro se transformou mais tarde na AERP - Associação de Executivos de Relações Públicas, para divulgar as Relações Públicas com palestras e seminários, eleger personalidade de RP do ano e gerar programa de televisão no canal do Diário Associados, aos domingos. Ao mesmo tempo, eu exercia o cargo de Diretor de Relações Públicas da Associação de Administradores de Pessoal do Estado de São Paulo, que decidiu, ficando a meu cargo, coordenar a organização da 1ª Convenção Nacional de Jornais e Revistas de Empresas. Para isso foi criada a Comissão Organizadora com as participações de Willys Overland, Pirelli, Alcan e GE. Surgiu então a idéia de fundar a Associação de Brasileira de Editores de Revistas e Jornais de Empresas – ABERJE. Como secretário executivo do Comitê Organizador e da Convenção, redigi o estatuto da associação, que foi aprovado na primeira convenção da entidade. Participei da primeira diretoria como diretor de Relações Públicas.

Fui também, pela ordem, Tesoureiro da ABRP, Secretário e depois presidente do CONRERP 2ª Região e Tesoureiro e depois presidente do CONFERP.

Quando ingressei no Grupo Fenícia passei a assessorar o presidente do grupo, o empresário Jorge Wilson S. Jacob em suas iniciativas junto a entidades de classes e entidades benemerentes. Foi assim que o acompanhei na fundação da Associação Brasileira de Bancos Comerciais e do Instituto Liberal de São Paulo. Enquanto ele foi presidente, fui responsável pelas atividades de Relações Públicas das duas entidades. Ocorreu o mesmo no caso da ABD - Associação Brasileira de Dislexia, da qual fui presidente durante sete anos e atualmente ocupo o cargo de conselheiro. Na ABD criamos um modelo de auto-sustentação sem depender de donativos e ajuda de empresas ou governo. Geramos um superávit equivalente a 20 vezes suas despesas fixas mensais. Hoje, após 25 anos de existência, ela é uma das ONGs mais capitalizadas do Brasil, que nunca recebeu dinheiro do governo.

Há cerca de 10 anos fui convidado por um grupo de conterrâneos da minha cidade natal, para participar do grupo de fundação e viabilização da ONG AMARRIBO – Amigos Associados de Ribeirão Bonito, com o objetivo de fazer evoluir socialmente em todos os setores a referida comunidade, que estava estagnada. Fomos então, em meio ao processo, abordados por pessoas com denúncias de desvio de dinheiro, em praticamente todos os setores da prefeitura, entre eles o da merenda escolar. Entramos de cabeça e dois prefeitos já foram caçados por corrupção na cidade. O livro relatando essa experiência se espalhou pelo Brasil e serviu de exemplo para a formação de muitas ONGs para o combate a corrupção. Foram 120 mil exemplares já editados e distribuídos. Hoje a AMARRIBO lidera uma rede de mais de 100 ONGs de combate a corrupção em todo o Brasil.

Hoje a comunicação existe em praticamente todas as empresas. Mas a comunicação atual não é planejada e nem estratégica como deveria ser. Ela nem de longe se assemelha ao que você implantou no Grupo Fenícia. Porque as empresas resolveram investir em comunicação, mas não o fazem de forma planejada e organizada? 

 

Entendo que existem duas vertentes nesse caso: o líder da organização e o profissional de Relações Públicas. O líder da organização não se vê como responsável pela comunicação e pelos relacionamentos da organização, a não ser aqueles que lhe dizem respeito diretamente. Ele não percebe que, na grande maioria das vezes, os problemas que a organização vive foram ou são ligados à comunicação e aos relacionamentos. Ele administra coisas quando deveria centrar seu foco nos relacionamentos, na comunicação. O profissional que assume a comunicação é, geralmente, um especialista em uma área especifica: um jornalista, um executivo de marketing ou de Relações Públicas para uma ação especifica. Não existe a visão macro da filosofia e técnicas de administração das Relações Públicas. Esses profissionais, geralmente, não têm a visão necessária para a implantação de um amplo programa estratégico de Relações Públicas. Se têm, não são liberados para isso ou, então, não querem arriscar suas posições e seus empregos, num mercado cada vez mais difícil, apontando erros de outras áreas que afetem a imagem da empresa, sugerindo ações para correções.

Entendo que a maioria dos líderes de organizações não sabe identificar os benefícios que as Relações Públicas trazem para suas empresas. Os executivos e os lideres empresariais não têm a visão correta do que significam as Relações Públicas e o que elas podem fazer em benefício dos negócios que eles tocam.

Hoje, as empresas estão mais preocupadas com o imediatismo. Estão mais preocupadas em “apagar incêndios” e isso ocorre sem que se tenha um planejamento estratégico da comunicação. Apagou o incêndio cessou a ação, mas as brasas que ficam por baixo das cinzas podem causar danos maiores do que o incêndio original.

Por que a assessoria de imprensa é ainda a área de maior aceitação nas empresas?

Em primeiro lugar, o desejo comum de todos de aparecer bem na foto. Então, para sair bem na foto tem que ter um assessor de imprensa. Em segundo, relações com a imprensa é uma área que oferece insegurança para quem não está acostumado com ela, mesmo para um líder empresarial. A questão é que a atividade de imprensa é a ponta do iceberg, que deveria se sustentar numa base ampla e profunda de um bom sucedido planejamento estratégico de Relações Públicas. Há uma diferença muito grande entre aparecer bem na foto e cuidar para que o nome, o conceito, a imagem e a reputação de uma organização sejam preservadas e evoluam positivamente. Este é um trabalho muito árduo, que começa por arrumar a casa e se desenvolve por todos os públicos que interagem com a organização. O “iceberg” não flutua por muito tempo sem a sustentação de sua ampla base.

Você acha que as agências estão preparadas para oferecer um serviço de qualidade em Relações Públicas?

Existem excelentes profissionais no mercado e nas agências, porém entendo que falta, por exemplo, a intrepidez de uma Vera Giangrande para ensinar ao líder organizacional o que significa Relações Públicas para a organização. Eles esquecem que as Relações Públicas são atividades ligadas a administração empresarial que atua nas áreas de comunicação e dos relacionamentos.

O que está acontecendo com a área de Relações Públicas nesse mercado globalizado e interativo? Relações Públicas tem escopo para esse mercado?

Dentro do que foi exposto anteriormente, podemos dizer que quanto mais a informação se torna ágil e quanto mais se diversificam os veículos e meios de comunicação, maior a necessidade de a base do iceberg estar preparada para suportar a pressão que vem do exterior. Hoje e a cada dia, com maior intensidade, as organizações têm que estar preparadas do ponto de vista macro, das suas bases até ao topo do “iceberg”, para as tempestades que poderão atingi-las. As Relações Públicas são hoje, mais do que nunca, necessárias e importantes. Ela é a única atividade capaz de criar no âmbito empresarial em longo prazo, um escudo contra as criticas e os ataques de quem pensa que pode falar o que quiser de quem quiser, através das mídias sociais, que estão em franca evolução.

As Relações Públicas só frutificam e se expandem num ambiente democrático, no qual existam: governo e políticas públicas estáveis; respeito à liberdade individual; respeito às propriedades privadas, públicas e individuais; respeito à pessoa humana sem distinção de classe, cor, nacionalidade, religião; estes estão ligados à preservação do meio ambiente e a sustentabilidade; respeito aos valores maiores das pessoas, a ética, por todas as instituições e profissionais que atuam no país, em qualquer área; respeito à opinião pública por parte dos poderes públicos, das organizações privadas e do cidadão.


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