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Prof. Felício, integrando educação e profissionalismo no ensino de Relações Públicas

Postado em: 01/02/2009 por Flávio Schmidt

Conheci o Prof. Felício numa das vezes que estive na Universidade de Taubaté, para falar com os alunos de Relações Públicas. Ele estava finalizando sua dissertação de mestrado, que tinha como titulo “Do consenso ao dissenso no discurso público: o papel de Relações Públicas na construção da cidadania” e, para complementar informações, já que eu era, à época, o presidente do Conferp, solicitou a mim uma entrevista. Falamos de vários temas que envolviam o universo do Consenso e do Dissenso. Aprendi muita coisa com ele naquela entrevista. Hoje, tenho a honra de retomar esse contato, agora, tendo ele como meu entrevistado.

Uma das características do prof. Felício é a de tratar, de forma peculiar, todos os assuntos com dedicação e profundidade. Ele não se contenta com a superficialidade em nenhum tema e sempre exige que os profissionais, alunos ou colegas envolvidos em seus projetos se dediquem da mesma forma.

A profundidade se revela no profissionalismo que ele desenvolve suas atividades e é por isso, em minha opinião, que ele foi capaz de integrar ensino e prática profissional, utilizando a pedagogia, a educação e a comunicação em seu projeto. Ele fez esse programa ir além da própria margem do rio, ir tocar as profundezas do seu curso e também a alma e a consciência dos indivíduos que o projeto alcançou.

Nessa entrevista, concedida ao universoRP.net, o prof. Felício fala um pouco de sua trajetória profissional, da concepção do projeto e sobre aspectos de temas atuais ligados às Relações Públicas.

Vamos a ela.

Seu ingresso na formação de Relações Públicas é diferente dos demais, que normalmente seguem a linha do ‘eu não sabia nada sobre RP e acabei entrando sem querer’, etc. Você poderia contar para nós como foi que isso aconteceu?
Sou de Aparecida-SP e fui para a PUC de Campinas para fazer jornalismo. No 3º ano, o professor Mário de Luca Erbolato dizia que sentia prazer com o cheiro do jornal. Em casa, fui cheirar o jornal e tive rinite (risos). No dia seguinte, entrei na aula da professora Sidinéia para conversar com uma colega e prestei atenção à matéria. Gostei do curso e perguntei à professora o que deveria fazer para transferir-me. Obtive como resposta que ela não gostaria de mais quantidade de alunos, mas de qualidade. Pedi transferência e na semana seguinte passei na prova de estágio da PUC-Campinas. Dois anos depois, já formado, fui convidado para ser professor no curso de Relações Públicas da PUC. Isto faz 21 anos.

Fale também um pouco de sua carreira e trajetória profissional e como você acabou superintendente da Rádio e TV Universitária?
Fiz uma carreira no magistério superior. Lecionei na PUC-Campinas, na Universidade de Mogi das Cruzes, na Universidade de Taubaté (UNITAU), entre outras. Na UNITAU, além de professor, fui eleito diretor e administrei o Departamento de Comunicação Social por quatro gestões. Ao término do último mandato, a reitora da Instituição, Profa. Dra. Maria Lucila Junqueira Barbosa, fez o convite para que assumisse a superintendência da Rádio FM UNITAU com a missão de implantar a TV da Universidade.

Como você concilia a atividade docente e profissional?
O trabalho docente está intimamente ligado ao de profissional de comunicação. Eu digo que primeiro sou professor e em função disto, complemento meu trabalho docente com o de comunicador. Gosto do trabalho docente, ele dá liberdade de atuação, autonomia de cátedra. Ele te rejuvenesce, pois a cada turma que chega, vem com esses alunos o vigor da juventude e a esperança por dias melhores. Isto é muito bom. Aplico os meus conhecimentos de Relações Públicas na função de administrador de um veículo de comunicação, mas não perco de vista o meu papel de profissional a serviço da educação, pois tenho o desafio de criar uma rádio e TV escola, cujas portas estão abertas para a prática dos alunos. Vivo e respiro educação sempre. Tenho orgulho de ser professor.

Qual a importância dessa combinação e a oportunidade dos alunos aprenderem na prática com orientação docente?
O envolvimento na prática e no relacionamento é imprescindível para o aprendizado. Os meios de comunicação não possibilitam o contato, a convivência, o estabelecimento de relações constantes e intensas sejam profissionais ou particulares. No ambiente de trabalho, ou até mesmo social, não dá para termos o comportamento de deletarmos as pessoas ou colegas de trabalho como fazemos na internet. Temos que dar conta das demandas e das pessoas da melhor forma possível com o compromisso de construirmos uma realidade melhor. Hoje tem prioridade aquele profissional que sabe trabalhar em situações de conflito, assume compromisso com a realidade. Já vi muitos doutores nota dez em conhecimento, mas zero no relacionamento com o outro. A grande missão para relações públicas é resgatar a humanidade nas relações profissionais. A informação pode ser efêmera, passageira, mas o homem deve ser valorizado, pois ao contrário estamos na barbárie.

Antes de falarmos sobre o projeto O Homem e o Rio, gostaria que você falasse um pouco de sua infância e sua relação com o Rio Paraíba.
Eu nasci em Aparecida e fui batizado com a água do rio Paraíba. Esse rio é meu ente familiar. Nas ruas da cidade, vi muitos pescadores venderem peixes a “baciada” ou presos por um arco de bambu. Durante toda a minha vida comi bagre ensopado, lambari e traíra fritos. Nos passeios a margem do rio, apanhava maracujás nativos, aqueles pequenos e escuros, cujo sabor é doce e inesquecível. Foi um tio que me ensinou a gostar de peixe e me levava a esses passeios. Após sua morte, a primeira vez que comi traíra frita, chorei.

Como nasceu esse projeto e como ele foi fundamentado?
Junto com vários colegas da UNITAU elaboramos um projeto de assessoria de comunicação para o Comitê de Bacias do Rio Paraíba do Sul. Durante esse trabalho, percebi a ausência de material didático que tratasse dos diferentes aspectos do Rio Paraíba. O estudante estudava a bacia do rio Amazonas ou São Francisco, mas não estudava o Rio Paraíba. Justo o Paraíba, um rio tão importante para a história do Brasil. Para estruturar a proposta pedagógica, fomos buscar a fundamentação teórica na leitura de mundo de Paulo Freire. Queremos que o estudante use as informações e imagens para construir seu conhecimento e adquira competência para agir com sabedoria nas questões ambientais relacionadas ao rio. Isto não é educação bancária, mas dialógica. À medida que entramos em dialogo com as informações, com o outro e com o mundo desenvolvemos laços de pertencimento e nos descobrimos responsáveis pelo nosso ambiente local e planetário.

Que tipo de legado esse projeto deixará para as pessoas das comunidades da região e para os brasileiros que poderão estudar mais sobre o Rio Paraíba nas escolas?
Oferecemos informações para os estudantes e comunidade. Esperamos que as pessoas desenvolvam o sentimento de pertencimento com base nessas informações. O rio é meu, logo devo cuidar dele. É um exercício amoroso, compromissado com o saber cuidar. Parece utopia, mas não o é! É simplesmente exercício de cidadania cujo comportamento é pautado pela consciência crítica e afetiva.

Atualmente o tema em pauta é a Sustentabilidade. Seus princípios orientam as pessoas a adotarem um comportamento correto voltado para a qualidade de vida e de meio ambiente. Isso não deveria ser papel da própria educação individual e familiar?
Não, a educação deve ser transcendente, estar presente em todos os ambientes de convivência, na esfera particular e profissional. Devemos ter em mente que a educação se processa em ocasiões e lugares diferentes. É claro que existem instituições vocacionadas para a educação formal. Já a sustentabilidade é, no meu ponto de vista, mais um apelo discursivo das organizações do que prática concreta, pois vejo que elas investem em projetos ambientais de visibilidade pública e valorizados pelo mercado. Na minha tese de doutorado digo que a sustentabilidade é principalmente uma prática discursiva do neoliberalismo para justificar a exploração dos recursos ambientais em diferentes locais do mundo. Só para ilustrar, uma empresa responsável deveria fazer o carro mais durável, estimular o não consumo e diminuir tanta rotatividade. Mas não é assim, acredito que para as organizações a sustentabilidade é uma questão de mercado, para os educadores é uma educação para um comportamento menos consumista.

Quais mensagens sobre Relações Públicas e Responsabilidade Social você poderia passar para os visitantes do universoRP.net.?
Relações Públicas tem um grande papel na gestão da responsabilidade social, o de identificar e administrar conflitos nas relações das organizações com o meio ambiente. O discurso profissional não deve ser o da sustentabilidade, mas o de que estamos vulneráveis e precisamos pisar no freio na exploração desses recursos. Acredito que uma população consciente da vulnerabilidade causada pelas relações de produção e consumo exarcebados, cobrará da empresa mais responsabilidade em suas atitudes com vistas à redução da vulnerabilidade causada. Isto resultará em novas formas de atuação para o profissional de relações públicas que atuará na gestão dessas controvérsias geradas pelo conflito de interesses.

Quem quiser trocar informações com o Prof Felício pode enviar mensagem para o endereço felicio@unitau.br . Ele está aguardando seu contato.


Prof. Dr. José Felício Goussain Murade
Possui graduação em Relações Públicas pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1987), mestrado em Comunicação Social pela Universidade de São Paulo (2003) e doutorado em Ciências Ambientais pela Universidade de Taubaté (2005). Foi chefe do Departamento de Comunicação Social da Universidade de Taubaté, nos períodos de 1996 a 2000 e de 2004 a 2008. Atualmente é diretor superintendente da Rádio Educativa TV UNITAU. Lecionou na PUC-Campinas, UMC, FATEA, UNISAL-Lorena."'E professor doutor concursado pela Universidade de Taubaté. Tem experiência na área de Educação, movimentos comunitários com ênfase em Comunicação. Ministra aulas no curso de pós-graduação Lato Sensu em Assessoria, Gestão de Comunicação e Marketing. Ganhou o Prêmio Opinião Pública em 2008, (regiões Sul e Sudeste) na modalidade Relações Públicas e Meio Ambiente.


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